sábado, 25 de julho de 2015

Descoberta sociedade ultra-secreta espalhada no Brasil



da redação - 25\07\2015

   Nosso repórter investigativo Hunter Thompsom da Silva, apesar de, em suas diversas infiltrações in loco nos ambientes extremamente undergrounds (crackolândias do Haddad, reuniões illuminati, bastidores do programa Esquenta, vodu haitiano,secretos clubes da luta, etc.), mostrou-se muito espantado ao trazer para nossa redação sua nova gonzo-descoberta.

    Nosso jornalista, após investigar na deep web uma sociedade ultra-secreta espalhada no Brasil, conseguiu inscrever-se e assistir uma das sinistras reuniões.

   Trêmulo, entregou na nossa redação uma gravação feita por ele, com um microfone escondido, em uma das reuniões. Que segue a transliteração da apavorante narrativa:


[voz de Hunter Thompsom da Silva] “Consegui entrar. Um porão com umas 30 pessoas. Todas sentadas olhando para um altar vazio. Uma espécie de cerimônia macabra. Sentei-me num banco no canto. Vejo, no púlpito que, repentinamente, um rapaz fica diante do microfone.”

[voz do referido rapaz] “ Epa!! Podem me chamar de ‘X’.  E também sou membro desta Irmandade.

[a platéia em uníssono] “ Epa!, ‘X’, Parabéns. Seja bem vindo.  Você é hoje a pessoa mais importante para nós!

[ o rapaz prossegue] “...eu fui um...”

[outra voz,  de um senhor, vinda da platéia, interrompe] “ Epa! Fui, não! É! Será! É incurável, embora, ‘X’, você possa ser detido e a vítima possa entrar em estado de recuperação, e voltar a desfrutar uma vida inteligente e feliz. Para os pessoas com problemas como o nosso que não descobrem o caminho, o problema se torna...progressivo.

[ o rapaz prossegue] “...companheiros, estou em recuperação, e estou há seis meses sem...”

[a mesma voz, do senhor, interrompe, novamente] “Epa! “Não diga ‘companheiros’! Diga ‘meus amigos!”

[ o rapaz prossegue] “Desculpem-me o ato falho...

[o senhor] “Epa! Desculpado! Acontece. Isso é uma doença da qual fomos a vítima. Não nos tornamos o que nos tornamos porque quisemos. Ninguém se isso  porque quer. Estando em recuperação a cada 24 horas, podemos perfeitamente deter nossa doença e abrir uma clareira diária em nossas vidas para levarmos uma existência ativa, alegre e cheia de realizações. Isso é  uma doença incurável, progressiva e fatal.Podemos no entanto deter a sua progressividade e a sua fatalidade, mantendo-nos distantes disso de 24 em 24 horas. Dessa forma, mantendo permanente estado de recuperação é que milhares de pessoas, em todas as nossas células de reuniões no Brasil descobrem um novo modo de viver uma existência saudável e feliz.”

[o rapaz agradece e retoma a palavra, gaguejando] “E-então...tudo começou nas festas nos campings, no DCE e no bandejão da faculdade. Era onipresente, naquela época. Era inevitável. As moças achavam ‘descolados’ os caras que se envolviam com isso. Um dos rapazes ‘descolados’, me chamou, conversou comigo, me inseriu.Eu, com a auto-estima baixa, deixei-me levar. Eu não tinha, sequer, uma namorada. Depois que entrei, as meninas começaram a me enxergar. Eu passei a ser um ‘ descolado’.  Deixei de fazer a barba e ficar fedorento. Quanto mais eu parecesse com um mendigo, naquele contexto, eu era mais sexy. Enquanto ríamos dos outros ‘limpinhos’ que ficavam na faculdade com suas caras enfiadas nos livros, nós, carpe diem, curtíamos as festas. Entrei nessa. Estou há 20 anos nisso. Hoje estou, aqui, fazendo meu testemunho! Agradeço!”

[a platéia, vozes em uníssono] “ Epa!Obrigado por compartilhar teu relato, ‘X’, Parabéns. Epa! Seja bem vindo.  Você é hoje a pessoa mais importante para nós!

[outra voz toma o microfone, uma voz feminina]
   ( poupamos de transcrever todo o idêntico ritual chato de apresentação e recepção)

[a voz feminina] “No início, eu estava no fundo do poço. Não depilava minhas axilas, não tomava banho. Roupas iguais, bolsas de couro ridículas e boinas manufaturadas, por nós mesmas. Era a ‘moda’ entre as mulheres, na época. Saíamos nas ruas, inconvenientes, com nossas bandeiras e apitos e adesivos e tentávamos persuadir agressivamente, sem muitos argumentos, os transeuntes.  Larguei o emprego. Passei a odiar, sem saber o porquê, meu patrão que era muito bom comigo. Afastei-me da minha família e dos meus antigos amigos. Estava fanática. Idolatrávamos pessoas sombrias, assassinos, fascínoras,  psicopatas.  Era considerada uma pessoa chata pelos que não eram do grupo. Cantávamos mantras hipnóticos e débeis...'lá-lá'. Quando percebi que não mais valia a pena, já era tarde. Não tinha como eu sair. Palavras de ordem, meus 6 namorados bissexuais, na época, não me deixaram abandonar ”

[O senhor, da platéia, interrompe] “ Epa! ‘Y’, querida, saiba: era uma necessidade de sociabilidade na época, entenda, você , na época,  achava que não tinha alternativa. Poucos víamos isso. Líamos pouco. Rìamos muito. Viramos as costas pra realidade. Cegos. Vivíamos num mundo ilusório. Mas, com o Primeiro Passo da Serenidade só por hoje, cada um de nós vai redescobrindo a dádiva inestimável que essa Irmandade lhe oferece com a Serenidade, no caminhar dos outros Onze Passos, por muitas e muitas 24 horas.Obrigado pelo teu relato!”

[ouve-se os passos do senhor, talvez o líder, falando e subindo ao microfone] “Levei muitas pessoas, ao longo de 35 anos, dentro disso, para o  fundo do poço.  Nós os pioneiros falávamos pelo povo que não pedia a nossa palavra. Os que não concordavam, agredíamos física e verbalmente, aliens, para nós, não alienados. Fui para países estranhos conhecer outros como nós, mas, mais radicais. Cheguei a matar, torturar pessoas que nos contrariavam. Usava chavões-vício, pois queríamos dominar o mundo. Hoje, admito que eu era impotente perante esse problema e que tínhamos perdido o domínio de nossas vidas. Só você pode saber se é assim e fazer alguma coisa a respeito. A decisão é sua e é drástica. Render-se às evidências, dadas às óbvias circunstâncias atuais, que derrubam  nosso passado, perante a si mesmo e perante outros é uma decisão que ninguém pode tomar por você.  Mas essa rendição é o primeiro passo em busca de sanidade e da serenidade. Coragem! Mais um dia! Agradeço a todos. Nosso Líder Supremo mostrou-se uma farsa. Demos nossa vida a ele. Nos enganou por décadas.Não podemos ficar presos, como ele. Libertemo-nos! Liberalismo, já!. Até a próxima reunião!”

[voz do nosso repórter Hunter Thompsom da Silva, sussurando] “Estão saindo. Mal compreendi esses sinistros relatos. Me deu medo. Estou me direcionando à saída. Olhos para trás, vejo uma placa: Hoje, reunião EPA!: Ex-Petistas Anônimos!”